Tu sabes que ele te exterminará mas aceitas sucumbir a ele
Ele te tornará infeliz encherá tuas noites de insônia teus dias de taquicardia e pânico Mas o aceitas como carrasco
Ele roubará o fôlego e a paz Te porá a ferros imerso horas em água fervente Até que o perecimento te seja prêmio
Ao aceitá-lo com devotamento todos os sentidos do corpo e da vida estarão entregues ao devoramento Felino faminto te consumirá em lentas bocadas Até que só reste lembrança nenhuma
Ele incendiará tua casa e de teus descendentes Terá o cuidado de antes trancar todos a sete chaves Ainda assim o adorarás com rezas e banhos de ervas aromáticas
Predador, ele triunfará sobre os restos mortais de teus sonhos Ainda assim o chamarás “salvador” Fará de tua doçura amargor sem cura
Excomungará o que na vida ensaiar cores Ele arrumará a casa para receber a todos em festa Mas a ti reservará a hora da faxina a cama desfeita há dias ou minutos entre um e outro e-mail dando notícias ao mundo – menos a ti
A última vítima será o coração Pois o cérebro torturado muito cedo estará louco
A penicilina evitou dizimações A ciência criou a anestesia e ensaia vacinas à AIDS Mas que antídoto vencerá a paixão?
O amor do homem por uma mulher chega por oceanos de luzes Mas quando partir te partirá inteiro