Amorosidade e questão social
Vendo que não voltas
vou a ti
Sei que o verão é tua estação preferida
e levo-te em pacote de presente
Ficam-me no corpo
a primavera, o outono, o inverno
Vendo que não voltas
vou a ti
Sei que a visão é o sentido que preferes
e levo-te com zelo nas mãos em concha
Guardo comigo o que descartas:
o toque, o cheiro, o som, o sabor
Sei que o azul é tua predileção
e levo-te em cesto encantado
Ficam as outras cores do arco-íris
em meus olhos de paixão
Sei que preferes o amanhecer
e levo-te em caixas de bombons
Guardo comigo os ares da tarde,
o sol poente, a madrugada, as estrelas
Vendo que não voltas
vou a ti
Sei que é do ouro o brilho que preferes
e entrego-te em pesados baús
Guardo comigo os metais de outros encantos
Sei que o dia de luxo é teu momento dileto
e ofereço-te em bandeja de muitos quilates
Fico com o que não carece brilhar
Sei que preferes continentes para domínio
e ofereço-te cinco maravilhas
Fico com barcos de papel e nascentes de rios
Vendo que não voltas
vou a ti
Sei de tua preferência pelo paraíso
e ofereço-te com um beijo de lava-pés
Fico com purgatório e inferno
que me ensinaram perseverar e perdoar
Vendo que não voltas, por esquecimento,
deixo-te com tudo o que te ofertei
A ti interessa o brilho pronto
Não serias parceira a fazermos das noites geladas
o dia de sol que busco para todos
Amar transforma sobressaltos
em mesa-posta aos que têm fomes
Rossyr Berny
Enviado por Rossyr Berny em 22/07/2006
Alterado em 10/09/2006