Depois das chuvas
Já reparaste nas pequenas crateras
que encrespam os lençóis de areia?
Foi a chuva da madrugada branca
despejando rojõezinhos dos olhos do céu
É idêntica imitação da superfície lunar
quando ela está suspensa – só e grávida
Os pingos desprendem-se medrosos
das nuvens a mil metros de altura
sem pára-quedas ou galhos de nuvens
Foi o vento que os desprenderam
do colo da família nimbos cirros cúmulos
Tomara que no choque estejam desmaiados
e não sintam os corpinhos frágeis
esfacelarem seus ossinhos no areal, no mar
e arrozais que germinaram em dezembro
Tranqüiliza-me saber que os pinguinhos
ascenderão vaporizados
na próxima manhã de sol
Ilustração acima de Selir Maria Straliotto
Saiba mais sobre o autor:
www.editoraalcance.com.br/ROSSIR.HTM